quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Caça às bruxas

Segue o depoimento referente a uma experiência ABSURDA que passaram duas obstetrizes que estão iniciando sua vida profissional, fazendo o que lhes cabe por competência e dedicação. Para não expor os nomes destas obstetrizes coloquei nomes fictícios no relato.

Estou adicionando ao blog uma postagem com a lei do exercício profissional de Enfermegam, o que explicita o tamanho do injustiça praticada nesta experiência. A briga de e por poder é realmente medonha! O que se faz para tentar barrar o barulho das mudanças? O que se faz em nome da Corporação? O que aconteceu é decorrente da defesa da chamada reserva de mercado, mas acreditamos que o medo da transformação do modelo de assistência à saúde de gestantes parturientes e puérperas seja o principal motivo atrás desta caça às bruxas.


"Fomos, eu - Lilith e Hécate - chamadas para comparecer a delegacia no dia 13 de dezembro de 2010 para prestarmos esclarecimentos em relação a uma denuncia anônima realizada no inicio de novembro.

Fomos acusadas de realizar consulta médica, cesárea e outras cirurgias. É a segunda vez que APENAS obstetrizes são denunciadas nesta clínica, sendo que trabalhamos com outras enfermeiras obstétricas e estas nunca foram acusadas de nada.

Tivemos que esclarecer que realizamos somente consultas de pré-natal de baixo risco em conjunto com o médico e realizamos partos normais apenas, e que além disso sempre nos identificamos como obstetrizes para as mulheres que atendemos e nunca como médicas.

O investigador então questionou o fato de não sermos enfermeiras e por isso alegou, ao entender dele, que se ele chegasse na clínica e nos ''pegasse'' realizando consulta de enfermagem, como definimos, iríamos presas em flagrante, com a possibilidade de sairmos algemadas e tudo, tendo em vista que no dia anterior (12 de dezembro de 2010), o ilustríssimo presidente do COREN-SP - Sr. Cláudio Porto - disse à mídia que o COREN-SP reconhece apenas três categorias de profissionais: Enfermeiro, Auxiliar e Técnico em enfermagem e o investigador assistiu  e, segundo ele, prestou bastante atenção.

Além disso o investigador nos disse que nossa profissão não existe para o Ministério do Trabalho - uma verdade que não pudemos questionar - e que por isso nós não existimos, não temos cargo, não somos enfermeiras e na ATUAL conjuntura não podemos trabalhar, pelo menos não sem correr riscos.

O investigador, o delegado e o escriturário disseram ainda que, na opinião DELES, havia sido o COREN-SP que nos havia denunciado, mas que esta era apenas a opinião deles. Nos aconselharam a colocar um delegado para acompanhar o caso e propuseram um processo de danos morais por tudo que estamos passando.

Esse investigador deixou muito claro que ele estava trazendo todas essas questões à tona por que uma denuncia depende de como um investigador interpreta as coisas e portanto, corremos sim o risco de sermos presas pelo simples fato de exercer a nossa profissão. A pedido do delegado não fomos indiciadas (ainda), porem foi aberto um inquérito para apurar os fatos.

Em resumo: fomos humilhadas (não pelos profissionais da delegacia que nos trataram muito bem e tiveram pena de nos), mas pela situação que eu temo que poderá continuar se repetindo.

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