sexta-feira, 21 de maio de 2010

Por quê Ponto de Partida?

Escolher um título ou um nome é sempre uma tarefa árdua para mim. Encontrar algo que sintetize o que em geral significa muito não é simples. Quando engravidei, por exemplo, tivemos a maior dúvida sobre o nome, resolvi perguntar o sexo do bebê ao ultrasonografista no quinto mês, para pelo menos podermos focar somente em nomes masculinos ou femininos, para mim os masculinos são mais difíceis, mas a resposta veio logo: - é um menino. Pensamos em Gil, mas ficamos no João sem muita certeza, sem muita convicção, embora eu ache este nome muito bonito, não me via ou ouvia chamando o meu filho por ele, mas assim ficou até o dia do seu nascimento quando demos de cara com um serzinho lindo, mas que não tinha cara de João, tinha cara e jeito de anjo. Decidimos chamá-lo de Miguel.
Antes de escolher "Ponto de Partida", havia pensando em dar a este blog o nome "Ao lado", pois é forma e mesmo a essência de como vejo o trabalho de uma parteira e também de uma doula, alguém que está ao lado da mulher enquanto ela gesta, pari e mesmo enquanto ela inicia a amamentação (ou não) e no mundo da maternidade extra-uterina. Faz sentido, mas pareceu me deixar a deriva, não estar. Lançado assim no universo internético me pareceu sem força e não tão de acordo com o quê este espaço se pretende.

Então lembrei de uma conversa que tive com a Coordenadora da Escola infantil que estudei e hoje meu filho estuda: Ponto de Partida. Ela contou como foi para o grupo a escolha do nome da escola no ano de 1976. O grupo de educadores foram assistir a peça de teatro do Gianfrancesco Guarnieri com este mesmo nome, em pleno momento de abertura política do país. Uma peça que já pode então começar a denunciar as atrocidades do período da ditadura militar.

Hoje recém formada no curso de Obstetrícia da USP, participando de um grupo que também retorna ao cenário brasileiro em busca de mudanças, de promoção de atenção qualificada, de reflexões e de muita vontade de conquistar espaços de atuação. Queremos hoje, junta(o)s com outros profissionais que já começaram a retrilhar esta profissão, exercer um papel extramante antigo na história da humanidade, que é o de ser e se tornar parteira, estar ao lado das mulheres e fazer deste encontro um enorme Ponto de Partida.

Maíra Fernandes Bittencourt

Obstetriz e doula

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