quarta-feira, 14 de julho de 2010

Reflexões sobre a base econômica do parto


No movimento feminista já se aponta há um tempão a questão da base econômica como pilar de uma estrutura social hoje existente e não deixa de ser assim com a saúde e o que nela é praticada.
Na Obstetrícia é corriqueiro vermos pesquisas mostrando índices alarmantes de intervenções “cirúrgicas” nos partos, sejam eles fórceps, extração à vácuo ou até mesmo a tão conhecida cesariana. Todo mundo se diz contra esse aumento abusivo dos índices, mas o que vemos de concreto no financiamento da saúde, tanto público quanto privado, para mudar esses números?
A remuneração no SUS e também nos convênios privados de saúde suplementar para o parto normal é menor do que o da cesariana, muito embora neste caso seja preciso uma dedicação de até 12 horas ininterruptas do profissional que acompanha o trabalho de parto e, na maioria das vezes, sem lançar mão de uso de aparatos tecnológicos. Mas incrivelmente os cirurgiões obstetras ganham mais por um procedimento de menos de 01 hora de duração, tempo de duração para grande parte das cesarianas realizadas.  O financiamento dos procedimentos define as políticas de saúde implementadas e, deste modo, escolher remunerar melhor o procedimento cirúrgico do que o normal é incentivar, mesmo que indiretamente, a intervenção médica. Chega de falácias, bom é atitude.

Paula Leal

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